O Resguardo do Candomblé
O Resguardo, ou o que muitos chamam de preceito, é necessário por uma questão de respeito, de manter o corpo “limpo” de interferências outras que não sejam dos Orixás. O resguardo nos faz senhores de nós mesmos, aprendemos a dominar a nossa vontade, sacrificamos essa vontade visando um bem maior, não somente nosso, o da nossa comunidade, nossa família de santo.
Ele também mostra aos nossos Orixás a força da nossa vontade, que conseguimos usar a razão acima da emoção, da busca pelo prazer, que conseguimos sacrificar um pequeno momento de prazer por um bem maior que vislumbramos para nossa vida. É uma contribuição em troca de força que nos concedem. E acima de tudo é respeito.
É respeito ao trabalho feito em prol do nosso bm, é respeito pelo Orixá que esta sendo agradado naquela obrigação, é respeito pelo axé que colocaram em nossos orís.
A maior parte dos clientes do candomblé segue, mas não compreendem o porque dessas restrições, mas nós, iniciados, temos a obrigação de buscar saber como isso é encarado na casa de axé, como o Zelador vê as restrições. Como explica essas restrições.
Geralmente o resguardo inclui a inibição de sexo, bebidas, pimenta, cores fortes como preto e vermelho. Esses elementos têm uma ligação intima com o Orixá Exu.
Um Orixá que esta presente em tudo na casa de axé e que não deve ser solicitado ou se desviar do objetivo que é encaminhar nossos pedidos aos Orixás, naquele momento, naquele ritual. Depois de feito o trabalho, os rituais de oferta, ele é o responsável por encaminhar o axé dessas atividades ao mundo dos Orixás.
Quando estamos em trabalhos coletivos fazemos uma corrente naquele momento e cada pessoa é um elo, se um quebra o resguardo a corrente se desfaz, e o trabalho perde a força que deveria ter. Ninguém é prejudicado diretamente, pois o Orixá não é punitivo, mas a força não é a mesma. O trabalho não é visto e recebido da mesma forma pelos Orixás.
Por causa disso, vemos casas que fazem trabalhos iniciações que as pessoas só ficam sabendo da saída, o Zelador escolhe quem vai participar da corrente. E isso se reflete em perda de aprendizado. Se a pessoa é pouco solicitada na casa, ela passa menos tempo ali dentro e menos ela aprende.
Claro que temos casos de pessoas que impõem resguardos desnecessários, inventam quizilas de acordo com o seu gosto. O que é um desrespeito com quem é obrigado a seguir essas invencionices, e afronta aos Orixás que são usados para justificar uma mentira baseada no gosto ou desgosto do Zelador.
Temos esse tipo de resguardo coletivo, que enfraquece trabalhos coletivos quando é quebrado; e temos ainda os resguardados de trabalhos individuais. O Orixá quer ser obedecido e a quebra do resguardo, todo o trabalho foi em vão, não se concerta elos de confiança do dia pra noite, é preciso tempo para que Orixá perdoe nossa falha.
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